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A filosofia do HTML 5 segundo a visão de Ian Hickson

Esta matéria é uma tradução do artigo The Philosophy of HTML 5 as Explained by Ian Hickson

A filosofia do HTML 5 (ou, Web Applications 1.0) pode ter sido percebida através da leitura dos inúmeros escritos disponíveis na web, tal como os comentários em blogs ou as FAQ’s do Blog da WHATWG. Isto mudou.

Vlad Alexander (xhtml.com) na lista de discussão WHATWG Specification Mailing List escreveu [whatwg] várias mensagens sobre o HTML5 [20 de fevereiro de 2007] para as quais houve numerosas respostas. Contudo, existem dois grupos de respostas —eu acredito— que dizem respeito à filosofia do HTML 5. Respostas estas escritas por Ian Hickson; que são respostas concisas, eloquentes e com exemplos do “mundo real ” que qualquer um entenderá.

Os trechos a seguir foram retirados das postagens feitas naquela lista de discussão.

Vlad Alexander: Um dos maiores problemas do HTML é que os autores de conteúdos poderão se livrar da marcação “tag soup”.

Ian Hickson: Isto é realmente um problema? Ou é esta a razão do sucesso descontrolado da Web? A Web funcionaria da mesma maneira se fosse igual a outros sistemas que mostra uma mensagem de erro sempre que algo por menor que seja esteja errado?

Vlad Alexander: Por que não acabar com a “tag soup” obrigando os agentes de usuário aceitar apenas a marcação escrita segundo as especificações?

Ian Hickson: Existe literalmente dezenas ou centenas de bilhões de documentos na Web. Um estudo que eu fiz valendo-me do Google e com uma amostra de alguns bilhões destes documentos, testados com um Parser especificado segundo o HTML5 mostrou que em uma estimativa bem conservadora mais de 78% dos documentos continham erros de marcação. Ao apurar mais um pouco a pesquisa, considerando outros tipos de erro a percentagem atingiu mais de 93%. E os erros considerados foram de sintaxe básica — não foram considerados erros de mal uso do HTML, como por exemplo, colocar um elemento <p> dentro de um elemento <ol>.

Se você obrigar os navegadores a recusar tais documentos, não conseguirá navegar em 90% da Web.

Mas considere o seguinte — um navegador acusa erro para a metade dos documentos da Web e outro navegador não acusa erros e mostra as páginas como o autor pretende. Qual navegador você escolheria para seu uso pessoal?

Se quisermos que o HTML5 seja um sucesso, temos que nos certificar que os fabricantes de navegadores estejam cientes deste fato. Qualquer solicitação de implementação que possa acarretar perda de mercado para navegadores que não seguem as especificações será imediatamente ignorada.

Vlad Alexander: Steven Pemberton, o responsável pelo Grupo de Trabalho do HTML no W3C, disse “O HTML é uma bagunça!” e “em lugar de estar sendo racionalmente projetado, ele cresceu somente porque diferentes pessoas acresentaram funcionalidades a ele”.

Ian Hickson: Ele tem razão! Isto continua nos dias atuais. Entretanto nós estamos tentando trazer algum nível de sanidade para o processo!

Vlad Alexander: Na avaliação de muitas pessoas o HTML já morreu e o X/HTML 5 é visto como uma tentativa de ressucitá-lo. Sob este ponto de vista, como pode-se convenser o mercado (aqueles que desenvolvem Web sites) a consumir HTML ?

Ian Hickson: De acordo com algumas pesquisas realizadas como parte do esforço pelo HTML5 verificou-se que mais de 95% da Web atualmente usa HTML, sendo o restante composta de PDF, Word, e texto puro. Sobre que definição isto pode ser considerado “morto”? Web designers nunca pararam de escrever páginas HTML. Eu acho que não teremos dificuldades em convencer alguém a continuar com o HTML.

Vlad Alexander: Uma vez que a maioria dos documentos para a Web é gerado por ferramentas gerenciadoras de conteúdos será possivel criar uma Web semânticamente rica e acessível?

Ian Hickson: Sempre teremos a criação de sites que vão desde completamente inacessíveis até completamente acessíveis. Tal como acontece no campo do desenvolvimento humano sempre haverá Web designers altamente competentes que entendem os fundamentos de construção de sites independentes de dispositivos e voltado a qualquer espécie de usuário como Web Designers inexperientes e ignorantes que se limitam unicamente às suas experiências pessoais, desenvolvendo para determinado navegador em um determinado computador e sem levar em conta outros potenciais usuários.

Provavelmente o melhor que temos a fazer é projetar a linguagem para “fazer a coisa certa” e de modo fácil, e investir pesadamente em educação. Neste aspecto o HTML está no mesmo barco que alguns dos mais importantes assuntos; Eu imagino que o aperfeiçoamento se fará quando melhorarmos a qualidade do ensino em geral, entendendo a importância da acessibilidade e assuntos correlatos.

Conversation With X/HTML 5 Team foi publicado por xhtml.com [ 21 de fevereiro de 2007]. Esta é uma entrevista expandida com ‘ Ian Hickson baseada nas seguinte (5) postagens na lista de discussão:

  1. [whatwg] Why do we need X/HTML 5? [February 19, 2007]
  2. [whatwg] Timetable for moving X/HTML 5 through the standards approval process [February 19, 2007]
  3. [whatwg] New markup constructs [February 19, 2007]
  4. [whatwg] several messages about HTML5 [February 20, 2007]
  5. [whatwg] several messages about HTML5 [February 20, 2007]

Todos deveriam ler. Aqueles que concordam com os esforços do WHAT WG; e—especialmente—aqueles que não concordam.

Maujor

Exerci o magistério paralelamente a minha carreira profissional por toda uma vida e ao longo destes trinta anos aprendi tanto quanto ensinei. Sou um apaixonado por Web Standards e desenvolvo o site de tutoriais CSS para Web Design.

View Comments

  • Eu ficaria com vergonha se fosse Vlad Alexander ... escreve muita bobeira ... Parece ate com o pessoal da IBM a um tempo atrás ...
    "Os computadores pessoais são um sonho!.." e o mesmo caso acontece com o TCP/IP.

  • estou achando fantástico todo esse debate sobre o futuro da web... não posso comentar pois não usei todo o potencial do XHTML, mas enfim, que façam a escolha certa, ou que usem os dois

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Maujor

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