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A luta por Web Standards

Publicado em: 2006-05-9 — 17.396 visualizacoes

Molly Holzschlag

A luta pelas Web Standards será vencida?
Uma entrevista com Molly Holzschlag publicada no Blog Vitamin

A luta pelas standards esta a pleno vapor. Será que agora que a Microsoft começa a falar sobre os padrões iremos ver uma luz no fim do túnel , ou a luta continuará a mesma?

Vitamin: A grande maioria dos internautas do mundo navega com o IE. Alguns argumentam que os padrões deveriam ser criados baseados na Microsoft, em lugar de se seguir por outros caminhos. O que você pensa disso?

Molly: Criar padrões baseados em um software proprietário é anti-ético sob um ponto de vista global da Web. Este é o primeiro problema com essa premissa: Filosoficamente é uma premissa falsa.

Sob o ponto de vista prático, desenvolver os padrões baseados em um software proprietário colocaria tanto os consumidores como os desenvolvedores a mercê da Microsoft. Ficaríamos para sempre dependentes do sistema operacional e do lançamento de demais softwares da Microsoft. Isto acarretaria o abandono de soluções ‘open source’ e consequentemente de disponibilidade de opções de desenvolvimento e design mais flexíveis.

Na verdade uma solução baseada em plataforma única resolveria os problemas imediatos de incompatibilidades entre navegadores, contudo estes problemas existem justamente porque os navegadores não focaram em implementar as recomendações do W3C como deveriam ter feito desde o início.

Nós não vivemos em mundo ‘tamanho único’. E seria uma monotonia se vivessemos. Que tal se todo homem de estatura alta tivesse que vestir um mesmo tipo de calça padronizado e de determinada medida? Qual a graça nisso?

Penso que muitas pessoas fazem uma avaliação errônea dos grupos de trabalho do W3C acreditando que estão restritos a determinados membros e fabricantes. Você pode apostar que em qualquer reunião de um grupo de trabalho do HTML ou das CSS haverá uma sala repleta de representantes da Microsoft, Mozilla, Opera, Adobe e outras corporações.

Os fabricantes são os maiores interessados e colaboradores na produção das especificações do W3C e é irônica a constatação de se ver que ao final de um dia de trabalho tenha se chegado a um consenso sobre implementação de determinada funcionalidade e apesar disto ela não se realizar, em favor de outras funcionalidades. Isto em alguns casos se deve a razões práticas, tal como a dificuldade de implementação da funcionalidade em um código existente. Uma outra razão é que na ordem de prioridades para o ciclo de vida de um navegador tenha precedência a implementação de outras facilidades, tais como solução de problemas causados por falhas de segurança.

Vitamin: A Microsoft fez alguma implementação positiva no IE7 que demonstre claramente um movimento em direção às Web Standards?

Molly: Ultimamente as standards têm se tornado uma discussão colocada em primeiro plano na Microsoft.

Eu acredito que seja importante que os Web designers e os desenvolvedores em geral se conscientizem de que há uma clara separação entre a estratégia comercial da Microsoft e a política de construção e desenvolvimento de softwares. Na Mix06 eu estava sentada ao lado de Andy Clarke em uma das seções e o termo “web standards” foi usado não menos do que cinco vezes nos primeiros 15 minutos. Ele voltou-se para mim e sarcasticamente perguntou se "estávamos na conferência certa"

Pode parecer engraçado, mas a realidade é que a estratégia comercial da Microsoft entendeu definitivamente que pelo menos por ora é uma boa política falar sobre e implementar as standards. Isto é negócio.

As perspectivas de desenvolvimento se constituem em uma outra história. Há um pessoal trabalhando no IE7 como Chris Wilson, que dedicou toda a carreira profissional desde os dias do Mosaic, à construção de navegadores, envolvido com o Grupo de Trabalho das CSS do W3C. Este é um homem passional o suficiente para desenvolver um grande navegador e possivelmente uma das poucas pessoas com uma bagagem e perspectiva a altura, mas que tem desafios enormes a vencer. Ele tem que compatibilizar as prioridades comerciais com o desejo de desenvolver um navegador IE atualizado com os padrões.

Markus Mielke e alguns outros desenvolvedores são tão apaixonados pelos padrões que em conversa com eles chega-se a conclusão que são muito mais defensores dos padrões que muitos de nós. Eles têm pela frente uma árdua tarefa; que eles estão entre o rochedo e a água é inquestionável. Isto não é culpa deles.

Odeie a Microsoft se você assim quiser, mas por favor não julguem os seus desenvolvedores como pessoas desprezíveis, eles são colegas nossos que estão enfrentando uma grande luta, a mais árdua de todas.

Vitamin: O IE será completamente complacente com as Standards?

Molly: E alguém será? Não há hoje em dia um navegador que se possa dizer completamente complacente com as standards, e a própria natureza interativa da evolução das standards se encarregará de fazer com que os navegadores e agentes de usuário sempre fiquem a dever alguma coisa aos padrões.

Esta é a natureza da indústria em evolução e é isto que faz com que as pessoas tenham interesse e motivação para vencer os desafios trazidos pelas mudanças. Estabilidade é algo que eu não espero ver ao longo de nossas carreiras e pensar ao contrário, na minha opinião é uma atitute perigosa.

Vitamin: Qual será o etágio dos navegadores daqui a dois anos?

Molly: Teremos melhor suporte para as CSS e melhorias do DOM em computadores desktop. Veremos mais implementações nativas para SVG e outras tecnologias. Veremos também a continuação do crescimento e da confusão entre navegadores para dispositivos móveis, com cada vez mais suporte para CSS para handheld e uma faixa crescente de itens suportados por tais navegadores. Eu espero que possamos ver também maior suporte para as standards por parte das tecnologias assistivas.

Eu penso também que as ferramentas que usamos atualmente serão bastante aperfeiçoadas, contudo uma coisa permanecerá verdadeira: Teremos que estar em constante aprendizado e desafiando a nós mesmos para seguirmos em frente com novas realidades. Esta é a própria natureza de nossa atividade em processo evolutivo.

Vitamin: O que é o WaSP e por que ele existe?

Molly: WaSP é o Web Standards Project, fundado em 1998 por um grupo de Web designers e desenvolvedores preocupados com as standards e que tem por finalidade advogar uma sustentação melhor e mais consistente para os padrões, mais especificamente o DOM de imediato e logo a seguir as CSS.

O WaSP continua a ser uma força direcionada a criar relacionamentos entre web designers e desenvolvedores, ferramentas e dispositivos para desenvolvedores e certamente fabricantes de navegadores.

Vitamin: Qual é o seu papel na WaSP?

Molly: Eu sou um elemento de ligação no Grupo. Você conhece o provérbio sobre agrupar os gatos? Bem, é isso que eu faço na organização. Eu também atuo como ligação com outros grupos, como o W3C, e trabalho em várias forças tarefa do WaSP. Meu foco pessoal no último ano foi com a Microsoft, e posso dizer que no mínimo estas experiências têm sido muito esclarecedoras.

Vitamin: Por que você se envolveu?

Molly: Porque foi o Zeldman quem me pediu, e quem dirá não ao Zeldman?

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Esta matéria foi publicada em: 2006-05-9 (terça-feira). Subscreva o feed RSS 2.0 para comentários.
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4 comentários na matéria: “A luta por Web Standards”

  1. Saint ClairNo Gravatar disse:

    Ótima postagem, mas vejo o IE regredindo. No site que fiz: http://f2j.edu.br/ as fontes não carregam no IE.

  2. O que são os padrões web e porque eles são tão importantes? | M.E. Linka disse:

    […] A luta por Web Standards […]

  3. MicoxNo Gravatar disse:

    Boa mesmo.

  4. Lucas AlvesNo Gravatar disse:

    Muito boa entrevista.

Comentário:





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